domingo, agosto 21, 2005

Heat (1995) de Michael Mann



Há aqueles filmes que nos transcendem por completo, deixando em nós uma marca e várias imagens a percorrerem a nossa mente à velocidade da luz. Normalmente são os filmes mais profundos que nos fazem isso, na maior parte das vezes, dramas. Mas Michael Mann fez-o com uma das maiores obras (talvez mesmo a maior) da década de 90, que por acaso é um policial, ou pelo menos, esse rótulo é-lhe colado, diga-se, injustamente. Esse título ser-lhe-ia aplicado se todos os policiais fossem tão profundos e intensos como Heat, filme geracional que confronta dois dos maiores titãs da indústria cinematográfica de Hollywood: Al Pacino e Robert DeNiro.
Os seus créditos iniciais, que mostram uma linha de comboio que relata uma cidade relativamente calma àquela hora, demonstra desde logo que algo de surpreendente irá acontecer. E se é a isso que o filme de Mann se propõe, é isso que cumpre. Sim, porque Heat quebra todas as regras do policial, não podendo desde logo ser incluindo no género. Mann é talvez o melhor realizador da actualidade a filmar cenas de acção, segurando na câmara manualmente, permitindo e facilitando ao espectador aproximar-se das personagens magistralmente edificadas.
Em Heat, a banda sonora assume um papel importantíssimo, fundamental, criando verdadeiros momentos de tensão (o assalto ao banco e a cena final são das coisas que mais criam emoções à flor da pele que já vi). A complexidade do filme máximo de Mann aborda um pouco de tudo, desde o drama familiar à traição, ou mesmo à caça ao rato, juntando Al Pacino (para mim o melhor actor em actividade), Robert DeNiro (subtilmente subtíl) e Val Kilmer, este último não estando à altura dos dois primeiros, assumindo ainda assim uma interpretação boa, mas nada de extraordinário, como já é habitual do actor. Destaque ainda altamente positivo para a fotografia que dá ao filme um toque verdadeiramente especial, que o identifica tão bem, dando provas disso na caracterização, por exemplo, da casa de Neil, dando-lhe um aspecto leve mas solitário, ou mesmo nas cenas de acção, que conferem a Heat um aspecto único.

Em poucas palavras, Heat é o que todos os policiais deviam ser: tenso, abrangente, crítico, dramático e arrebatador. Um dos melhores filmes dos anos 90 e um dos meus preferidos!

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