sábado, outubro 15, 2005

Zelig (1983) de Woody Allen



Zelig permanece ainda hoje como um dos mais curiosos e extravagantes filmes da carreira de Woody Allen e um dos seus mais prodigiosos em termos técnicos - 11 anos antes de Forrest Gump, já Leonard Zelig repartia o ecrã com personalidades tão marcantes do século passado, como o próprio Adolf Hitler, para mencionar uma das cenas mais hilariantes do filme. Leonard Zelig (o próprio Allen) é um camaleão humano, um homem que faz tudo para ser amado e integrado na sociedade, nem que para isso tenha de assumir as mais variadas formas ou raças, escondendo nos confins da própria mente a sua personalidade. É absolutamente hilariante a forma como a história se desenrola, num registo de falso documentário executado com uma mestria exemplar. Se o espectador não soubesse, teria dificuldades em distinguir a presença de Allen com autênticas imagens de época, tudo graças não só a um exemplar trabalho de montagem como também à direcção de fotografia de Gordon Willis, com um trabalho minucioso de iluminação que torna o filme de 1983 e as imagens das news reels dos anos 20 praticamente indistinguiveis. Zelig é a história de um homem à procura da sua identidade, é uma história de amor, é um retrato de uma época específica não só da América como do próprio mundo e é, também, um dos melhores exemplos do sentido de humor único de um cineasta genial. Imperdível.

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