quarta-feira, setembro 21, 2005

Natural Born Killers (1994) de Oliver Stone



O filme que Tarantino escreveu e rejeitou quando Oliver Stone adquiriu os direitos e o tranformou numa feroz sátira. Disparando em todas as direcções, o controverso realizador de Platoon ou JFK assinou aqui o seu filme mais brutal e cruel. Uns acusam-no de ter feito uma autêntica borrada, sem sentido e demasiado frenética. Outros, onde eu me incluo desde a primeira vez que o vi, consideram-no uma obra extremamente bem conseguida, excessiva, é certo, mas certeira em relação aos alvos que pretende atingir. E a principal vítima é a televisão, e a glorificação que esta faz de diversos temas, banalizando todos os tipos de violência em favor do espectáculo mediático.

Mickey e Mallory Knox são um casal de assassinos em fuga, procurados por autoridades de todo o país, mas também alvo de admiração por parte das massas. Wayne Gayle é o produtor de um programa televisivo sobre assassinos em série que pretende entrevistá-los, Jack Scagnetti é o polícia que os pretende apanhar e Dwight McClusky é o director de uma prisão... Em comum, estas personagens têm rasgos de violência, e acima de tudo um olho virado para o circo mediático. Stone é um realizador extremamente talentoso e inteligente, e o filme, apesar de violento, é também muito perspicaz e, em minha opinião, actual na forma como explora o tema. E além disso, é um filme formalmente tão arrojado que é capaz de deixar alguns espectadores até um pouco enjoados. A câmara não pára, a banda sonora é frenética, e ate são usados diversos stocks de filme, saltitando entre os 35mm, o digital, o super-8, a cor agressiva e o preto & branco (um trabalho grandioso do director de fotografia Robert Richardson), tudo isto acompanhando o delírio das personagens... É difícil recomendá-lo devido aos seus excessos, uma vez que se trata de um caso extremo de amor/ódio. Por estes lados, há muito amor em relação ao filme de Oliver Stone.

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