domingo, dezembro 04, 2005

Limelight (1952) de Charles Chaplin



Estamos provavelmente perante um dos mais belos filmes alguma vez realizados. Desde os primeiros momentos que somos capazes de sentir que estamos na presença de um filme feito com o coração, para atingir o coração de quem o vê. Aquando da sua realização, passada a barreira dos 60 anos e tendo em conta o momento em que a obra foi realizada, no contexto da sua carreira (nesse mesmo ano, viu-se obrigado a abandonar a América devido a suspeitas da sua ligação com o Partido Comunista), Chaplin auto-examinou-se e espalhou na tela todas as suas angústias pessoais, desde o medo da aproximação da morte, a vontade de viver, o amor e, algo de que ele seria a pessoa ideal para falar, o da perda dos seus dons naturais - que no caso de Calvero, o nome da sua personagem, fora o de fazer rir as pessoas com os seus números cómicos.

E é no desencanto optimista (ou no optimismo desencantado) deste palhaço que o filme se centra e nos seduz. Quando salva do suicídio uma bailarina desesperada, Thereza (claire Bloom), encontra também mais uma razão para se prender à vida, juntamente com todas aquelas que não se cansa de enumerar, que fazem a vida valer a pena. Mas todo o positivismo de Calvero não consegue disfarçar a sua insegurança perante aquilo que a vida que ainda tem pela frente lhe trás, nem se consegue libertar do declínio da sua carreira. Mas será que os novos risos de Thereza lhe irão dar o alento de que precisa? A resposta a esta pergunta, não pode ser outra. Quem ainda não viu, que o veja, pois com quase toda a certeza do mundo, irá ficar conquistado...