domingo, novembro 20, 2005

Vanilla Sky (2001) de Cameron Crowe



Será porventura um dos filmes menos consensuais da carreira de Cameron Crowe, mas que quiser levar mínimamente a sério este esforço do realizador, rapidamente compreenderá que Crowe levou muito a sério a tarefa de realizar este remake do êxito espanhol Abre los Ojos. E o melhor que se pode dizer de um filme com estas características é que não é melhor nem pior do que o original. É simplesmente diferente o suficiente para merecer uma nova abordagem. Na altura da sua estreia, Crowe fez questão de referir frequentemente que, mais do que um remake, Vanilla Sky é uma cover ou, se quisermos, uma nova versão de um filme já existente, como tantas bandas musicais fazem de outros êxitos, oferecendo-lhes um cunho pessoal.

E a verdade é que este é um filme onde a marca pessoal de Crowe está espalhada por toda a sua duração. Num filme onde as memórias que construímos ao longo da vida se tornam essenciais, era importante uma abordagem deste género ao material. O filme está impregnado de cultura pop, tanto quanto a vida de qualquer pessoa o está hoje em dia. E a abordagem do realizador aqui é aquela que muitas vezes vimos nos seus outros filmes, mais do que tentando desenvolver os pontos mais intrigantes do seu thriller (sim, porque Vanilla Sky é também um mistério fascinante, pontuado por momentos de pura ficção científica) ou, como diz a letra que Paul McCartney compôs para o tema principal do filme, é um filme sobre "o doce e o amargo" da vida. É um filme sobre a vida, o amor e, em última instância, sobre as consequências das decisões que tomamos ao longo do tempo em que estamos vivos.

E é também (mais) um filme onde Tom Cruise mostra como é um excelente actor, onde Cameron Diaz tem o melhor desempenho da sua carreira, onde Jason Lee surge igual a si próprio, ou seja, como o brilhante secundário, responsável por alguns dos melhores momentos do filme e, sejamos justos de uma vez por todas, também Penélope Cruz surge sem falhas, com uma interpretação bastante sólida, repetindo o seu papel do filme original, mas desta vez em inglês. E é, apesar das circunstâncias em que foi feito (o projecto surgiu como uma encomenda de Tom Cruise, que comprou os direitos do filme e convidou Crowe, com quem já havia colaborado com muito sucesso em Jerry Maguire, para escrever e realizar o remake), e por muito que digam o contrário, um filme onde a marca do realizador nunca deixa de estar presente.