sábado, dezembro 17, 2005

Blow-Up (1966) de Michelangelo Antonioni



Melhor do que ter a oportunidade de ver esta obra-prima de 1966, realizada pelo excelente Michelangelo Antonioni só mesmo fazê-lo numa sala de cinema. Mesmo com uma cópia já visivelmente danificada e precárias condições acústicas, o filme não deixa por um segundo de ser completamente absorvente. E é-o pela simples razão de que deixa o espectador em suspenso do início ao fim e... mesmo depois disso. Trata-se de um filme que pela sua plena ambiguidade permite-nos absorvê-lo de tantas formas diferentes.

A história: um fotógrafo aparentemente cheio da vida que leva, da superficialidade das belas modelos que diariamente fotografa, envolve-se num misterioso caso quando, por acaso, se lembra de fotografar um casal de apaixonados num jardim. Não será por acaso que este protagonista é um fotógrafo, como também não será por acaso que toda a obra está polvilhada de pequenos pormenores que nos permitem fazer o nosso próprio filme. Para mim, atingiu-me como um filme sobre o vazio, sobre a parte oca da vida que, curiosamente ou talvez não, foi realizado numa época onde supostamente a liberdade era a palavra de ordem. Trata-se, em todo o caso, de um filme a descobrir e, mais importante ainda, a construir. Uma coisa é certa: é fabuloso e insiste em não nos abandonar depois do seu visionamento.