quinta-feira, dezembro 15, 2005

King Kong (2005), de Peter Jackson



Peter Jackson parece ter renunciado de vez ao estatuto que o tornou num nome de culto do cinema de série B para se entregar a um outro, bem mais confortável, de realizador de culto das grandes produções, quando se dedicou a levar ao acrã a trilogia de Tolkien, O Senhor dos Anéis. E por lá parece decidido a ficar, agora que nos traz este remake milionário do mítico King Kong.

Pessoalmente, estou longe de ser o maior fã da saga dos Anéis, embora reconheça perfeitamente o mérito do realizador e a crença na sua visão, e não me custe mínimamente a compreender o entusiasmo em torno desses filmes. Com Kong, a história é outra: o filme não só tem tudo para ser dos grandes êxitos do ano como é mesmo um muito bom filme de aventuras e... um pouco mais do que isso. Penso que todos já conhecem a história, mas aqueles que viram o clássico dos anos 30 obviamente irão encontrar entre ambas as abordagens, as devidas diferenças. Jackson dispõe actualmente do melhor que Hollywood tem para oferecer em termos de valores de produção, e aproveita-os ao máximo, colocando o espectador diante de um mundo completamente à parte.

Como defeito, se é que assim se lhe pode chamar, temos um Jackson com a tendência habitual de espremer ao máximo as cenas de acção, tornando-as quase sempre demasiado longas, o que lhes retira algum do interesse inicial. Ainda assim, podia ser bem pior, e para compensar isso temos um excelente desenvolvimento das personagens, momentos realmente comoventes e mais uma prova de que não há limites para o uso de efeitos digitais no cinema moderno. Peter Jackson pode não ser o maior realizador do mundo (não o é, nem de perto nem de longe), mas é certamente uma mais valia muito importante no mundo do cinema, um visionário e um apaixonado. E o cinema só tem a agradecer-lhe.