quinta-feira, junho 30, 2005

SARABAND (2003) de Ingmar Bergman



Um dos grandes filmes do novo milénio tem a marca registada de um dos nomes fundamentais do cinema do século passado: o génio sueco Ingmar Bergman. Anunciado como o seu último trabalho, Saraband foi originalmente concebido para televisão, mas acabou por ser distribuído em salas de cinema por todo o mundo. Por ordem do seu autor, apenas as salas equipadas com equipamento de projecção digital poderiam exibir o filme, o que resultou em grandes enchentes nas salas onde estreou, sendo o exemplo português, numa sala no Milenium Alvaláxia, com várias sessões esgotadas, apenas um entre muitos.

Retomando a história do casal separado no seu filme de culto (também originalmente concebido para televisão) Scener ur ett äktenskap, Marianne e Johan, superiormente interpretados por Liv Ullman e Erland Josephson, Bergman debruça-se acima de tudo sobre a morte e as relações humanas, mais concretamente as familiares, temas recorrentes no seu trabalho. Ainda assim, é bom saber que no final de uma longa carreira, Bergman contiuna a filmar como um mestre, e o seu cinema continua perfeitamente actual. Uma obra obrigatória, agora disponível em DVD, aconselhada a todos. Um dos melhores filmes do ano, com mais um grande nome entre os realizadores que este ano passaram (e ainda vão passar) pelas salas de cinema nacionais.

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quinta-feira, junho 23, 2005

Batman Begins (2005), de Christopher Nolan



Finalmente, depois dos maravilhosos delírios góticos de Tim Burton e dos... errr... delírios gay de Joel Schumacher, Batman está de regresso ao grande ecrã, naquela que é talvez a mais humana abordagem a um dos mais marcantes super-heróis da B.D. americana. Além disso, é muito possívelmente o melhor filme sobre o homem-morcego, o que não é de espantar se atendermos a que ao leme desta produção está o impecável Christopher Nolan, que deliciou cinéfilos em todo o mundo com o seu Memento.

Pode não ser um filme perfeito, mas encontra-se bem acima do típico blockbuster de Verão, procurando preocupar-se não só em oferecer ao público muita acção e explosões como também, e acima de tudo, uma verdadeira história, com uma personagem próxima de qualquer um de nós. No fundo, trata-se da génese de um herói aquilo a que assistimos no ecrã, seguindo o caminho que já havia sido traçado nos recentes Spider-Man ou em Hulk. No entanto, e bem condizente com o herói em questão, estamos perante um filme negro, que nunca tem receio em assistir de perto aos traumas da sua personagem. Resta saber se tal abordagem tão arrojada se irá ressentir nas bilheteiras ou se estamos mesmo perante um grande sucesso comercial. Se tal sucesso surgir, convém referir que iria acontecer com toda a justiça. E ficamos já ansiosamente a aguardar a sequela...

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sexta-feira, junho 10, 2005

Sin City (2005) de Robert Rodriguez



Chegando às salas portuguesas aclamado como filme de culto pela crítica americana, Sin City é a mais fiel adaptação cinematográfica de uma banda desenhada. Sin City é uma cidade onde a justiça não é feita pela polícia, pois esta é mais corrupta que qualquer habitante; quem quer justiça tem de fazê-la pelas próprias mãos. E o filme destaca-se pela violência e o ambiente "de cortar à faca" que se vive naquela nocturna cidade, onde a traição, a vingança, a morte e o crime organizado predominam.

É a servir de base à complexa acção que nos é apresentada a maravilhosa estética visual do filme, incomparável e inconfundível. Um preto e branco com rasgos de cor que dá ao filme uma beleza visual invejável (notem-se os azuis olhos de Becky). Com interpretações competentes e uma realização estável (excepto na cena em que Tarantino pega na camera, que é dos melhores momentos de todo o filme), Sin City é um grande entretenimento que marca a importância deste segundo trimestre de 2005.

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segunda-feira, junho 06, 2005

Psycho (1960) de Alfred Hitchcock



Sempre tive curiosidade em descobrir a obra de Hitchcock, aquele que foi o mestre dos suspense. E se com a visualização de The 39 Steps a experiência tinha ficado aquém da expectativa, com Psycho já não posso dizer o mesmo. Este é um dos filmes mais famosos de todo o cinema, e com certeza que esse mérito lho é bem entregue, pois consegue manter uma relação invejável entre qualidade e fama. Hitchcock conseguiu em Psycho filmar uma das cenas mais famosas e violentas de sempre, que é a com carga mítica "cena da banheira", em que Janet Leigh é esfaqueada por um psicopata.

Mas se Hitchcock já se mostrava expert em lidar com cenas desse tamanho e calibre, igualmente se destacava em transmitir a sensação de pavor e pânico através da sua câmara sempre pronta a explorar a mente do assassino. Psycho é um filme perfeito, não só a nível técnico, como a nível de elenco, que aqui encerra uma das maiores obras cinematográficas de todos os tempos. Além de uma fantástica experiência cinematográfica, Psycho é um filme geracional, que graças à mestria de Hitchcock nos proporciona sustos de morte, e consegue no seu final brindar o espectador com um twist final de uma qualidade indiscutível.

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