domingo, outubro 30, 2005

La Passion de Jeanne d'Arc (1928) de Carl Dreyer



A proposta de hoje remete para os tempos do cinema mudo, onde um realizador de seu nome Carl Dreyer conseguiu, em 1928, criar um dos mais impressionantes filmes alguma vez feitos. É algo complicado para mim escrever um comentário a esta obra que revele algum distanciamento, uma vez que desconhecia a obra de Dreyer e este filme em particular, que apenas sabia ser tão apreciado entre várias gerações de cinéfilos, atingiu-me de uma forma bastante mais forte do que aquela que eu esperava. Estamos perante um trabalho absolutamente irrepreensível de encenação, manipulação de imagens, interpretação e conteúdo narrativo.

La Passion de Jeanne d'Arc tem uma particularidade que salta imediatamente à vista: cerca de 90% do filme é filmado em grande plano, fazendo dos actores um elemento inevitavelmente crucial no seu sucesso. E que sucesso o deste filme, que centra a sua acção no julgamento de Joana d'Arc sem que no entanto alguma palavra seja proferida. Tudo aquilo que precisamos de saber está estampado nos rostos dos intérpretes, em particular da genial Maria Falconetti, que teve aqui o seu único trabalho em cinema, mas ainda assim o suficiente para entrar no panteão reservado às melhores interpretações da história da sétima arte. Há algo na sua cara e no seu olhar que nos permite entrar na sua alma, sentir o seu sofrimento e a sua angústia na pele. E depois, é impressionante a forma como Dreyer utiliza a câmara para tirar todo o partido dos actores, mas também na criação de uma tensão e de uma carga dramática que impedem o espectador detirar os olhos do ecrã - a montagem e os movimentos de câmara de grande plano para grande plano são de uma perfeição genial. Esta é uma história sobre a fé, sobre a esperança, sobre a justiça e sobre uma paixão, de alguém por aquilo em que acredita com todas as forças do seu ser, e talvez o filme que melhor explora a criação de um mártir. A todos aqueles que ainda não viram, não tenham receio em dar-lhe uma oportunidade assim que possam. Trata-se de um filme marcante da história do cinema e obrigatório para qualquer cinéfilo.

Classificação:

sábado, outubro 29, 2005

Cinema em Casa


Esta semana, os três filmes que destaco são de generos completamente diferentes mas que me parecem de qualidade indiscutível. Desta forma, procuro abranger um maior leque de interesses. Espero pelas vossas opiniões.

Assim sendo, os três filmes desta semana são:

Bowling for Columbine (2002) de Michael Moore



Este documentário é um inquérito devastador sobre o estado da nação, a cultura do medo e a psicose das armas nos EUA. Porque que é que morrem cerca de onze mil pessoas por ano no país por causa de armas de fogo é o mote desde documentário.
Bowling for Columbine conseguiu trazer à ribalta Michael Moore, que depois do lançamento do documentário, e principalmente pelo seu discurso nos óscares, se tornou um cineasta popular. Dois anos mais tardes lançou o seu documentário mais polémico: Fahrenheit 9/11.

Sábado, 23:00, 2:

Unbreakable (2000) de M. Night Shyamalan



Bruce Willis é o único sobrevivente de uma tragédia ferroviária, que é contacto por Samuel L. Jackson. Este diz-lhe que ele possui poderes especiais como os heróis de banda desenhada que colecciona.
Depois de "O Sexto Sentido" Shyamalan e Bruce Willis voltam à ribalta com mais um thriller. Destaque para a fotografia de Eduardo Serra.

Sábado, 00:15, Sic

The Dreamers ( 2003) de Bernardo Bertolucci



Sozinhos em Paris, os irmãos Isabelle Theo convidam Matthew, um jovem estudante americano, para ficar com eles no seu apartamento. Aqui estabelecem as suas próprias regras, entregam-se a novas emoções e à sexualidade, enquanto fazem jogos mentais cada vez mais exigentes.
Mais bem recebido pela crítica do que pelo público, creio que estamos perante um filme obrigatório. Destaque para um dos protagonista do filme, Michael Pitt que podemos ver agora nos cinemas enquanto Blake num dos filmes mais controverso do ano, Last Days.

Quarta-Feira, 00.10, Lusomundo Premium

sábado, outubro 22, 2005

Cinema em Casa

Com o objectivo de divulgar o bom cinema que passa nas televisões nacionais, inauguro hoje a secção: "Cinema em Casa". Assim, todas semanas irei apresentar aqui três destaques que julgo serem interessantes para toda a comunidade cinéfila.

Passemos então aos destaques desta semana:

Swimming Pool (2003) de François Ozon



Sarah Morton, escritora inglesa de policiais, desloca-se até à casa de férias do seu editor com a intenção de trabalhar e descansar. Mas a súbita chegada de Julie, a filha francesa do seu editor, faz com que os seus estilos de vida antagónicos entrem em conflito, até que Sarah se envolve na investigação de um crime real.
Com as excelentes Charlotte Rampling e Ludivine Sagnier, este é um filme do inspirado François Ozon, que já nos trouxe 8 femmes e 5x2.

Sábado (22), 23;00, 2:

Full Frontal (2002) de Steven Soderbergh




A acção deste filme decorre ao longo de um único e caótico dia e conta a história de sete pessoas que não se conhecem, e que acabam juntas numa festa de um amigo comum.
Do oscariazdo Soderbergh este filme dividiu a crítica, mas é uma boa oportunidade de ver uma história diferente e uma Julia Roberts num registo pouco habitual. Uma das curiosidades do filme é ter sido gravado por câmaras de mão e ter demorado apenas 18 dias a ser filmado.

Domingo, 00:00, rtp1

Unforgiven (1992) de Clint Eastwood



Dois pistoleiros reformados, ex-fora da lei, voltam a pegar nas suas armas pela última vez para obterem a recompensa oferecida por vingativas prostitutas de uma povoação longínqua de Wyoming.
Filme sensação de 1992, foi nomeado para 9 óscares da Academia e ofereceu, 13 anos antes de Million Dollar Baby, os prémios de melhor filme e melhor realização a Clint Eastwood.

Terça-Feira, 14:15, Gallery

São estes os três destaques para a semana que se avizinha. Voltarei daqui a uma semana com novos destaques.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Les Poupées Russes (2005) de Cédric Klapisch



Este “Les Poupées Russes” é, tendo em conta as minhas expectativas/resultado final, a grande decepção do ano. Depois da boa experiência que foi “L’Auberge Espagnole”, este filme não consegue, de longe, atingir o patamar do filme anterior. Retratando um ano da vida de Xavier, que considero uma personagem bem construída e verosímil, o filme arrasta-se de forma monótona pelas fugazes experiências amorosas do personagem principal sem nunca conseguir causar qualquer entusiasmo no espectador. No entanto, após a entrada de Wendy em cena, o filme consegue ser um pouco mais cativante e interessante de se seguir. O romance entre Wendy e Xavier é, assim, o aspecto mais bem conseguido e especial do filme, e cabe-lhes o melhor momento dos longos 125 minutos de filme, quando Xavier embarca no comboio a caminho de Moscovo. No entanto, existem também cenas de uma ridicularidade evidente, como é o momento em que Xavier vê Célia na rua “perfeita”. Assim sendo, Cédric Klapisch é, inevitavelmente, o principal culpado deste desaire, pois embora tenha conseguido bons pormenores em termos de realização (embora roce o exagero), não conseguiu construir um argumento suficientemente sólido para ter o impacte do anterior filme. O resultado é assim um filme fragmentado, entediante e monótono, a antítese perfeita do que foi “L’Auberge Espagnole”.

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segunda-feira, outubro 17, 2005

Last Days (2004) de Gus Van Sant



Blake é um jovem atormentado pelo peso do sucesso, uma estrela que vive momentos de agonia e de um pânico silencioso de si mesmo e dos outros. Last Days é assim uma viagem ao mundo de Blake, ao mundo que ele concebeu para si mesmo e no qual não existe espaço para mais ninguém. Esta é a premissa da qual o filme parte, sendo óbvio no argumento de Gus Van Sant a referência, já assumida, ao lendário líder dos Nirvana Kurt Cobain.

Para reviver os últimos dias de Blake, Van Sant escolheu Michael Pitt, um jovem já experiente nas lides cinematográficas e, coincidência ou não, muito parecido fisionamente com Kurt. No entanto, não só das semelhanças físicas vive o desempenho de Pitt, mas sim da sua capacidade de dar corpo a todo um estilo "grunge" que acompanha toda a película. É nisto que Michael Pitt é brilhante sendo, claramente, o melhor do filme. No entanto, também ele se torna refém de um argumento que tem uma ideia central clara e específica, mas que acaba por se diluir no deserto de ideias de Gus Van Sant, que não teve arte e engenho suficientes para conseguir construir um argumento e desenvolvê-lo à altura das pretensões do filme. Exemplo claro deste aspecto é a presença de personagens secundárias irritantemente dispensáveis que nada acrescentam ao filme. Teria sido preferível Blake estar sozinho na mansão do que partilhar a casa com aqueles seres algo fantasmagóricos, que surgem e desaparecem sem dar nenhum contributo à acção principal. Penso que se conseguiria mostrar o mundo do protagonista de uma outra forma, mais coesa e interessante.

Outro aspecto, também da responsabilidade de Gus Van Sant, prende-se com o seu estilo de realização. Na verdade, é notório o afastamento da câmara das personagens, em especial de Blake, o que evidencia ainda mais a referência a Kurt pois raramente aparecem planos de pormenor da cara de Pitt. A ideia tem conteúdo e de facto é bem conseguida, tal como os grandes planos de sequência que este imprime na narrativa. Em Last Days, Gus Van Sant oferece aos espectadores sequências de acção de 10 minutos de um único plano que, feito raras excepções, resulta muito bem. O mesmo não se pode dizer da utilização, neste filme, de uma das técnicas que já havia experimentado em "Elephant", ou seja, filmar a mesma cena de diferentes pontos de vista, referentes às personagens. Mas, se no seu anterior filme fazia algum sentido, aqui é completamente despropositado, pois o único foco de interesse é Pitt.

Para terminar queria destacar duas cenas do filme que, só por si, merecem a ida ao cinema. A primeira, o grande momento musical da responsabilidade de Pitt que compôs, tocou e cantou a música que nos apresenta no filme. A segunda, e sem querer revelar o final, se bem que toda a gente o sabe, o desfecho de Blake, que é, do ponto de vista artístico, muito metafórico mas extremamente tocante.

Assim, ao sair da sala de cinema, o meu principal sentimento era decepção. Não que o filme seja mau, mas não tem a qualidade que se exige a alguém que já nos trouxe obras como Good Will Hunting, principalmente quando o grande problema do filme está na pessoa que o pensou e idealizou: Gus Van Sant.

P.S - Há uma semana que vi este filme mas, estranhamente, existem cenas que, pela sua genialidade, ainda não consegui esquecer. Assim, e após uma reflexão prolongada, decidi alterar a classificação dada anteriomente pois acho que subvalorizei o valor desta obra. E, como um revisionamento, é possivel que volte a alterar a classificação.
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domingo, outubro 16, 2005

The Virgin Suicides (2000) de Sofia Coppola



No transacto ano cinematográfico, Sofia Coppola viria a afirmar-se como uma das mais promissoras realizadoras da actualidade. Sim, a verdade é que com o seu primeiro filme nem a promessa ficou feita, já que este é filmado pasmamente e muito timidamente. Não há um rasgo de criatividade a sair do filme do Coppola, apenas o seu razoável argumento adaptado, pois de resto, resume-se a uma história que já foi por muitas vezes contada. Aborda a adolescência de uma forma muito superficial e não atinge um pingo de poder dramático sobre o espectador.
Todavia, contém algumas interpretações interessantes (da qual de destaca, pela negativa, Dunst, pela sua indiferença) e um visual arrojado, assim como uma boa caracterização da acção espácio-temporal da narrativa. Mas fora isso, se não fosse pelo posterior filme da realizadora, eu era mais um dos que não lhe dava crédito algum. Esperemos que The Virgin Suicides tenha sido a excepção e Lost In Translation o que se possa vir a tornar habitual, em termos de qualidade cinematográfica.

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sábado, outubro 15, 2005

Zelig (1983) de Woody Allen



Zelig permanece ainda hoje como um dos mais curiosos e extravagantes filmes da carreira de Woody Allen e um dos seus mais prodigiosos em termos técnicos - 11 anos antes de Forrest Gump, já Leonard Zelig repartia o ecrã com personalidades tão marcantes do século passado, como o próprio Adolf Hitler, para mencionar uma das cenas mais hilariantes do filme. Leonard Zelig (o próprio Allen) é um camaleão humano, um homem que faz tudo para ser amado e integrado na sociedade, nem que para isso tenha de assumir as mais variadas formas ou raças, escondendo nos confins da própria mente a sua personalidade. É absolutamente hilariante a forma como a história se desenrola, num registo de falso documentário executado com uma mestria exemplar. Se o espectador não soubesse, teria dificuldades em distinguir a presença de Allen com autênticas imagens de época, tudo graças não só a um exemplar trabalho de montagem como também à direcção de fotografia de Gordon Willis, com um trabalho minucioso de iluminação que torna o filme de 1983 e as imagens das news reels dos anos 20 praticamente indistinguiveis. Zelig é a história de um homem à procura da sua identidade, é uma história de amor, é um retrato de uma época específica não só da América como do próprio mundo e é, também, um dos melhores exemplos do sentido de humor único de um cineasta genial. Imperdível.

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quarta-feira, outubro 12, 2005

Nochnoy Dozor (2004) de Timur Bekmambetov



Night Watch era um filme que prometia bastante pelo trailer que havia divulgado. No entanto, depois de ver o filme permanece a mesma sensação de estranheza pelo ambiente, mas desta vez acompanhada por uma tremenda desilusão. Night Watch tem demasiadas referências, em termos de argumento, a filmes como Matrix, Star Wars e até mesmo Senhor dos Anéis, o que não lhe permite implementar-se com um filme único, especial ou até mesmo original. Além disso, o filme tem quebras visíveis ao nível da narrativa, tornando-se por vezes aborrecido seguir o filme.

Mas nem tudo é mau neste filme russo. De facto, o visual do filme e os efeitos especiais estão ao nível do que melhor se faz na América. Aliás, este filme, apesar de russo, tem, indiscutivelmente, raízes e tendências cinematográficas muito pouco europeístas, inspirando-se no cinema americano.

Night Watch, o primeiro filme de uma trilogia, é assim um filme previsível, violento e estranho, mas visualmente apelativo e interessante para os apreciadores do género que, admito, não é o meu.

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sábado, outubro 08, 2005

Alice (2005) de Marco Martins



Surge como o filme português mais bem referênciado do ano, depois de uma passagem de sucesso pelo Festival de Cannes. E a verdade é que Alice, a obra de estreia de Marco Martins justifica a onda de entusiasmo, juntando-se com justiça ao grupo dos bons filmes do ano. Não vou dizer que se trata do filme que pode reconciliar o público português com o seu cinema, isto porque não estamos de forma alguma perante uma obra acessível a todos os tipos de público. Trata-se de um retrato aprofundado de um pai que tenta desesperadamente encontrar a filha desaparecida. O ritmo é lento, e a história faz-se de rotinas, de repetições, que funcionam como o reflexo da vida do próprio protagonista.

Baseado num grande número de histórias verídicas, o filme é-nos apresentado como um retrato crú, não apenas do tema que aborda, mas debruçando-se também sobre o distanciamento e a frieza das relações humanas nas cidades modernas e também um pouco sobre a função da televisão e dos meios audiovisuais na sociedade, nomeadamente na própria criação de esperanças e sonhos a que muitas vezes lhes associamos. Mas aqui tudo é cinzento, tudo parece distante e inacessível, nas grandes ruas de Lisboa (como poderiam ser de qualquer outra cidade), onde a esperança de um só homem se pode perder na indiferença de milhões. Destaque para o excelente trabalho de Nuno Lopes, irreconhecível e tocante na composição de Mário, o pai de Alice, capaz de carregar às suas costas todo o filme, e ainda para a forma como Marco Martins conta a sua história, com a câmara sempre à distância certa das suas personagens, sem nunca se permitir cair em sentimentalismos falsos. Um filme a descobrir.

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terça-feira, outubro 04, 2005

40 Year Old Virgin (2005) de Judd Apatow



Tal como The Wedding Crashers que estreou muito recentemente entre nós, 40 Year Old Virgin é um sucesso absoluto naquilo a que se propõe: entreter, divertir, fazer rir o espectador. Não há nada a apontar neste aspecto, uma vez tem gags excelentes, personagens delirantes (incluindo um paquistanês capaz de nomear 50 maneiras diferentes de fazer o amor) e, diga-se, um bizarro e bem explorado conceito de base.

É certo que o filme não se afasta das típicas narrativas do género, e a certa açtura o espectador já sabe perfeitamente para onde vai caminhar o filme. No entanto, esse caminho é sempre repleto de gargalhadas bem sonoras e o entertenimento é um dado adquirido. O humor varia entre o mais óbvio e o mais subtil, e Steve Carell prova definitivamente que é um excelente actor cómico, compondo o virgem do título, uma personagem tão dócil como tonta. Judd Apatow, criador da excelente série de culto Freaks and Geeks (que durou apenas uma temporada e está a ser reposta na Sic Radical) não falha nos seus intentos.

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domingo, outubro 02, 2005

The Man Who Wasn't There (2001) de Ethan Coen & Joel Coen



Aquando da sua estreia, The Man Who Wasn't There foi recebido de formas variadas, tornando-se desde logo num dos menos concensuais da genial dupla que são os irmãos Coen. Tanto saiu vencedor do prémio de melhor realização em Cannes (prémio dividido com David Lynch pelo seu Mulholland Drive) como foi apelidado de aborrecido, pretensioso e mesmo de fracasso. E a verdade é que ainda hoje muitos fãs habituais da dupla o consideram como um dos seus trabalhos menores.

Pessoalmente, considero-o mesmo um dos seus melhores, em muitos aspectos. Com um ritmo deliberadamente lento, a história acompanha uma personagem marginal, alienada de uma realizade que ou não compreende ou simplesmente não lhe interessa. Ed Crane (o barbeiro protagonista da história) é um fantasma, um zombie, da mesma maneira que o são, por exemplo, as personagens do filmes de Pedro Costa (salvo as devidas distâncias, obviamente); é um homem que caminha pela vida, mais como um observador do que como um participante activo. À sua volta gravitam personagens bizarras, que Ed observa com o mesmo ar impenetrável de sempre. E é, ao mesmo tempo, um dos mais sérios e mais hilariantes filmes dos Coen, escondendo debaixo de toda a frieza superficial, algumas camadas realmente interessantes que convém explorar para se tirar todo o partido do argumento delicioso. E é sempre pintado por um ambiente noir genial, para o qual contribuem a excelente fotografia a preto e branco do grande Roger Deakins e as interpretações de todo o elenco, com destaque natural para Billy Bob Thornton, que aqui faz a sua interpretação muito especial da persona de Bogart. E há também algumas piscadelas de olho às velhinhas produções de série B e o resultado final é um óptimo filme, que por vezes parece saído directamente das páginas de um qualquer policial de bolso. A descobrir, a admirar.

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